sexta-feira, 28 de novembro de 2014


Violência contra a mulher: desigualdade de gênero




Este projeto nasceu de um sonho!
O meu sonho é levar informação de qualidade para homens e mulheres que estão envolvidos no universo da paternidade/ maternidade. Tendo-os como educadores de futuros cidadãos, busco discutir temas que os ajudem nesta difícil missão.
A grande pergunta que procuro responder quando reflito sobre os assuntos que merecem espaço neste blog é:

"Qual é a necessidade de discutir este assunto com pais e mães? "

Penso muito sobre como os meus filhos irão se posicionar na sociedade e no mundo. Acredito que cabe a mim oferecer subsídios para que eles possam agir de uma forma mais responsável em relação aos problemas sociais que enfrentamos ao longo de séculos.
Abraço a campanha mundial pelo fim da violência contra a mulher. 
Ofereço algumas informações no intuito de que elas gerem reflexões nos pais e mães de meninos e meninas. Só conseguiremos desatar as correntes do preconceito contra a mulher se educarmos nossos filhos através de princípios básicos de igualdade e respeito.
A violência contra a mulher apresenta-se de várias formas. A desigualdade de oportunidades entre os gêneros é uma delas e merece nossa reflexão. 
Nesta semana, Angela Merkel, chefe de governo da Alemanha, sancionou uma nova lei que prevê uma política de cotas para mulheres em empresas de seu país. Fruto de um acordo estabelecido entre o Partido Social Democrata Alemão (SPD) e a União Democrata Cristã (CDU), a lei determina que pelo menos 30% dos cargos administrativos deverão ser ocupados por mulheres. Apesar de assumir publicamente há alguns meses que não acreditaria ser necessária uma política de cotas femininas no mundo corporativo, Merkel modificou sua decisão ao perceber que o processo natural de igualdade entre os sexos progredia de forma lenta. A legislação entrará em vigor a partir de 2016 e modificará o panorama administrativo de, pelo menos, 106 empresas alemãs. 
As políticas de cotas geram muitas discussões, mas são atitudes emergenciais em relação a realidades que apresentam poucas chances de modificação por si só. A realidade mundial em relação a desigualdade se manifesta no Brasil de maneira preocupante. De acordo com um ranking elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, nosso país caiu 10 posições em relação a igualdade de gênero. O Brasil, que figurava em 62° na pesquisa divulgada no ano de 2013, amarga, no ano de 2014, o 71°. O estudo, Global Gender Report, avalia as diferenças entre homens e mulheres em aspectos como saúde, educação, economia e participação política.
Esta realidade, herdada através de gerações, precisa ser discutida entre nós, pais e mães, que pretender orientar cidadãos do amanhã. Como podemos modificar questões complexas, como esta, através da educação que oferecemos aos nossos filhos?  

Assistam ao vídeo divulgado pela ONU Mulheres sobre a desigualdade de gêneros e informe-se mais sobre o assunto.




Fontes:












quarta-feira, 26 de novembro de 2014





A violência e a mulher

1- "O despertador tocou. Ela se levantou, preparou um café bem forte e desceu o morro em silêncio. "A felicidade deve morar atrás destes prédios bem altos onde os homens respeitam as suas mulheres", pensava. Enquanto caminhava até o ponto de ônibus, vestia sua única blusa com mangas longas. Não queria que ninguém comentasse sobre as marcas em seu corpo. Ela jurou para si mesma que encararia tudo aquilo sozinha e que, talvez, tinha até merecido aquela surra. Equilibrou-se para não desabar durante o percurso. Não queria derrubar qualquer lágrima. Não tinha força para as controlar naquele momento".
2- "Ela estava chorando em sua cama. Não conseguia entender aquele pesadelo.  As palavras deferidas a pouco flagelavam a sua alma. Ela o amava. Ela o ama. Jamais o machucaria daquela maneira. Ela apertou os seus joelhos com força. Abraçou a si mesma. Ligou para sua melhor amiga. Recebeu uma frase marcante em troca do desabafo:"Quem nunca teve discussões tolas em seus relacionamentos?". Não conseguia pensar em mais nada. Calou-se. Desligou o telefone sem nem ao menos oferecer uma despedida. Ponderou que, talvez, estivesse exagerando. Afinal, ele jamais havia levantado a mão para ela. Era um homem bom". 
3- "Atrasou-se para a reunião daquele dia. Todos a esperavam em sua sala. Acabará de receber uma ligação importante. Era seu chefe. Ele não economizou palavras duras e sexistas para descrever o quanto estava frustado com aqueles resultados. Disse: "Deveria ter escolhido alguém com culhões para esta função. Fui obrigado a optar por uma mulher fraca. Sabia que iria dar m####. Nem com um amontoado de diplomas uma mulher deixa de ser, simplesmente, uma mulher". Ela ouviu tudo calada. Respirou bem fundo e impediu-se de demonstrar qualquer sentimento. Respondeu, apenas: "OK. Estou atrasada para uma reunião. Conversamos depois sobre os resultados." Levantou-se. Dirigiu-se até seus funcionários e ofereceu o sorriso mais doloroso que já havia experimentado".
Você poderia ser qualquer uma dessas mulheres. 
A sua mulher, mãe ou irmã poderia ter enfrentado qualquer uma destas situações independente de sua raça, cor, religião ou classe social.
Segundo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), 7 em cada 10 mulheres no mundo já foram ou serão violentadas em algum momento da vida. Estes dados são assustadores, mas manifestam uma realidade latente. Ban Ki-moon, secretário geral da ONU, pontua que a violência contra as mulheres é uma das violações de direitos humanos mais presentes no mundo. Banalizamos episódios tristes, como os discorridos acima, assim como suas próprias vitimas. A mulher se vê obrigada a aceitar a violência que é maturada através de gerações. Fruto de uma construção social resultante da desigualdade de forças nas relações de poder entre os gêneros, a violência contra a mulher é um problema mundial. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir da analise de estudos realizados em 35 países, pode-se afirmar que:
- Entre 10% e 52% das mulheres já foram agredidas fisicamente pelo parceiro em algum momento de suas vidas;
- Entre 10% e 30% foi vítima de violência sexual por parte do parceiro íntimo;
- Entre 10% e 27% relataram ter sido abusadas sexualmente, quando crianças ou adultas.
Ontem, dia 25 de novembro, inaugurou-se a campanha mundial pelo fim da violência contra a mulher. Tendo como marco o Dia Internacional de Não Violência Contra as Mulheres, a mobilização contará com 16 dias de ativismo e findará no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. O tema será o foco de  palestras, debates, eventos e encontros no mundo todo. O Brasil adere a mobilização desde de 2003. Confira a agenda nacional divulgada pelo site da campanha brasileira Compromisso e Atitude.
 Desate-se das correntes seculares do preconceito e abrace esta causa.

Fontes: 



segunda-feira, 24 de novembro de 2014



Depressão pós-parto



Meu filho não parou de mamar desde que encontrou o meu seio pela primeira vez. Muitas mães comentaram sobre a minha sorte. Fiquei feliz em perceber que tínhamos passado por esta fase crítica juntos - eu e meu bebê. Os dias passavam vertiginosamente rápidos e as obrigações se acumulavam. Não tinha tempo nem para escovar os dentes, ir ao banheiro ou me alimentar corretamente. Após a primeira semana de uma vida nova e feliz, comecei a sentir o peso da tal "abdicação materna".  Eu vivia em função dele. Ele era perfeito. Apesar dos choros durante as madrugadas, o seu olhar apaziguava o meu coração. Foram-se 10 dias. E, dentro de mim, brotava uma angústia estranha. Todos a minha volta notaram minha apatia e muitos me criticaram por demonstrá-la. Alguns, ainda, diziam que era "pecado" ficar triste após receber uma "benção de Deus". Fui convencida de que eu estava agindo de forma imatura e deveria ter mais força para encarar aquele momento. Outros falavam que "as obrigações da maternidade não eram para qualquer um". Esta afirmação penetrava em meu coração como uma faca afiada. Perdi a vontade de me alimentar. Sentava a mesa, quando era possível, sem apetite. Falaram-me que isso era bom. Iria perder peso rápido e me livraria dos quilinhos adquiridos facilmente. Não conseguia dormir. Rolava na cama por horas. Estava triste com a "minha fraqueza" em encarar a maternidade. Tinha dificuldade em me concentrar devido a falta de sono, segundo aqueles que acompanhavam a minha rotina. Amava o meu bebê. Amava o meu marido. Mas, não conseguia estar feliz. Eu acomodava dentro de mim, nos recantos mais profundos da minha alma, uma vontade de deixar tudo para trás e desaparecer. Não assumiria a minha dor à ninguém. Afinal, o que pensariam de mim? Comecei a agir automaticamente. Decidi que deveria suprimir qualquer sinal de tristeza, porém acabei por reprimir qualquer sinal de sentimento. Não sorria para o meu filho ou marido. Vivia momentos de solidão. Momentos em que meus olhos estáticos penetravam o horizonte das paredes de meu quarto. Foram-se meses. Não sei precisar quando este monstro me abandonou. Ele arrumou as suas coisas e foi embora sem olhar para trás. Guardo uma lembrança comigo. Prefiro acreditar que ela tenha ocorrido exatamente assim. Estávamos numa praça próxima de nossa casa, eu e meu filho. Eu empurrava o seu carrinho e prestava atenção nas folhas que caiam das árvores. De repente, um raio de sol ofuscou a minha visão. Mudei a direção do meu olhar e meu filho sorria para mim. Meu coração voltou a bater naquele instante. Eu sorri para ele e sentia que as coisas iriam começar a se acertar.

Este relato foi construído a partir de depoimentos de mulheres com depressão pós-parto. Felizmente, não fui acometida por esta doença ainda. Segundos pesquisas, a depressão agride de 2 a 5% dos brasileiros com predomínio no sexo feminino, muitas vezes precedida por eventos marcantes, como a gestação, o parto e o período pós-parto. Os estudos destacam, ainda, que apenas 50% das mulheres afligidas pela depressão pós-parto são diagnosticadas clinicamente. E, entre estas, menos de 25% tem acesso a qualquer tratamento. Para alguns especialistas, muitas mulheres não se dão conta de que estão doentes devido a forte pressão social. O pós-parto é entendido como um momento difícil no qual só as mais fortes conseguem enfrentam com bravura. As mulheres são levadas a acreditar que tem a obrigação de suportar tudo e se anulam. Esta situação prejudica o diagnóstico da doença e pode levá-las a um estado crônico da mesma. Nós mulheres, devemos nos atentar a manifestação dos seguintes sintomas:

- humor deprimido;
-anedonia (perda da capacidade de sentir prazer);
-mudanças significativas no peso ou apetite;
-insônia ou hipersônia;
-agitação ou retardo psicomotor;
-fadiga;
-sentimentos de inutilidade ou culpa;
-capacidade diminuída de pensar ou de concentra-se;
-indecisão;
-pensamentos recorrentes de morte.

Para mais informações, visite o  site do Dr.Drauzio Varella e assista ao vídeo de Fabiana Dezideiro que divide generosamente a sua experiência com a depressão pós-parto.

Fontes:
Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul
Associação Brasileira de Psiquiatria







quarta-feira, 19 de novembro de 2014

                                          




  Doulas


Dividi minha experiência com o parto no post anterior. Tive um retornou interessante quanto as  expectativas e anseios em relação ao parto. Percebi que elas continuam latentes em mulheres que se preparam para se tornarem mães. No desejo de ampará-las, buscarei trazer à luz alguns caminhos que desconhecia durante minha gestação, pré e pós-parto. O primeiro tema a ser tratado é a humanização do parto através da figura das doulas.

Uma voz suave me alcançou. Tínhamos marcado um encontro às 14 hs. Estava preocupada com o tic-tac do relógio. Havia pedido para minha sogra ficar com meu filho. Não queria tomar toda a tarde dela. Sabia que estava atarefada naquela semana. Em poucos instantes, milhões de anseios povoavam a minha cabeça. A silhueta que despontava  além da porta se aproximava e já tomava forma. "Boa tarde!", uma voz doce tocou os meus ouvidos. "Sou Ana. Desculpe-me pela demora. Não temos hora para nada. Tudo depende das meninas e da sua necessidade em nos ter por perto." Através de suas primeiras palavras, Ana começou a me ensinar quem eram as doulas. A tradução do termo, "aquela que serve", ganhava forma em minha mente. Ela se sentou com calma. Olhou-me nos olhos durante todo o tempo que discorríamos sobre sua função durante a gestação e parto. Confesso que fui me envolvendo com toda a doçura que emanava do seu ser. O relógio não merecia minha atenção. Mergulhei naquele mundo novo e deixei que Ana me guiasse. Ela, generosamente, ensinou-me que para ser doula eram necessários um curso de capacitação com 40 horas e um verdadeiro amor ao próximo. "A mulher que escolhe ser doula abraça a profissão". São senhoras que oferecem acalento as parturientes e detêm intimidade com o trabalho de parto e suas nuances. Elas entendem o parto como um momento de exaustão física e emocional e, por isso, oferecem às mulheres prestes a dar a luz medidas de conforto físico que favoreçam o nascimento e noções básicas de aspectos fisiológicos do parto. Nesta transição importante na vida da mulher, Ana pontuou que "as doulas envolvem-nas de segurança, mostrando que elas são fortes e podem trazer seu filho a vida de maneira segura e consciente". Emociono-me, enquanto escrevo. Eu já havia tido o meu primeiro filho e aquele encontro com Ana reforçou meus pensamentos quanto a minha experiência. EU NÃO VIVI O MEU PARTO. Registrado como um fato importante para mais de 128 sociedades antigas, este acontecimento, desde os primórdios, era organizado de modo que a mãe pudesse sentir o pulsar da vida enquanto desfrutava da ajuda emocional de outras mulheres mais experientes de sua comunidade. Meu filho nasceu e eu não senti fisicamente nada além de uma picada horrível nas costas- anestesia peridural. Meu corpo não sentiu o quê o meu coração transbordava. Não tive ao meu lado alguém que me ofertasse carinho e paciência. Meu marido, também marinheiro de primeira viagem, estava focado em registrar aquele momento inesquecível. Ana explicou-me, ainda, que as doulas não oferecem sua ajuda apenas nos partos caseiros. Elas, com autorização de um obstetra, podem estar presentes na sala de parto de hospitais. Uma opção diferenciada às mulheres que buscam um parto institucionalizado. Fruto de estudos desde 1980, o trabalho realizado com doulas, em diferentes países como: Guatemala, África do Sul, Estados Unidos da América, Finlândia e Canadá, evidenciou uma diminuição no tempo de parto, um aumento na interação entre mãe e bebê e uma melhora significativa no humor da mulher após dar a luz. Ana despediu-se com carinho. Espontaneamente, eu disse: "Que delícia este encontro!". Ela sorriu, pegou nas minhas mãos e falou: "Delícia de encontro para nós duas!". Olhei para o relógio pela primeira vez, desde que Ana havia entrado na sala. Eram 16 hs. Tinha que correr. Meu filho me esperava.


Para mais informações, visite o site Doulas do Brasil

segunda-feira, 17 de novembro de 2014



Minha cesariana



Um turbilhão de emoções me dominavam naquele instante. Enquanto despia-me, abandonava toda a arrogância das certezas. Não tive medo. Apenas percebi que era hora de inaugurar um novo livro todo em branco. Minha mãe me beijou e disse: "Meu bebê vai ter um bebê!" Fiquei sozinha durante doze minutos. Acompanhei o avançar das horas pelo relógio de parede que estava naquele quarto. Não tive medo, mas me senti sozinha. Uma mulher bateu na porta e entrou dizendo que estávamos no horário. Arregalei os olhos. Ela não me dirigiu o olhar pois estava mais preocupada em manobrar a maca. Chegamos em uma sala bem iluminada e totalmente asséptica. As idealizações daquele instante mágico começaram a ruir uma a uma aos poucos. O anestesista conversou comigo sobre o procedimento. Explicou-me a sua função na sala e falou que ficaria ali até o final. Depois, perguntou o meu nome e finalmente olhou para mim. Senti-me abraçada. Ninguém havia mirado o meu rosto até aquele momento. Ele notou que havia algo errado. Deixou sua posição e sentou-se ao meu lado. Segurou a minha mão e disse: "Está tudo bem?" Respondi: "Não sei." Agora, senti que o medo me invadia e indaguei sobre a presença do meu marido na sala de parto. O anestesista me acalmou. Falou que já haviam o chamado e logo ele estaria ali. Levantou-se novamente. Iniciou o seu procedimento. Minha obstetra chegou nesta hora. Disse: "Está tudo bem?" Ela não esperou a resposta e já se dirigiu até o seu lugar.  O meu marido não chegava e o meu medo aumentava cada vez mais. Eu gritava por dentro, mas não queria parecer uma menina mimada. Calei-me até a médica soltar a fatídica frase: "Vamos tirar." Naquele momento fiquei com raiva do mundo. Fiquei com raiva do meu marido que não chegava. Fiquei com raiva no momento que o meu filho iria nascer e, estar com raiva era horrível. "NINGUÉM FARÁ NADA ATÉ O MEU MARIDO CHEGAR!" Meu comunicado foi efetivo. Todos pararam para chamá-lo e minha obstetra disse que esperaria ele chegar. Ele chegou. Eu respirei, finalmente. Ele me olhou com carinho. Ele derramou sobre mim todo o amor que a minha alma clamava. Eu me acalmei naquele instante. A minha obstetra passou informações sobre como proceder se ele sentisse que iria desmaiar. Ele queria filmar o parto. Já havíamos concordado sobre isso. A médica gritou: "Olha ele aqui." Eu não pude o ver. Ouvi o seu choro e meu corpo inteiro tremeu. Apesar de toda a frieza que emanava daquele lugar, eu senti que o amor estava ali enroladinho num cobertor. Ele chegou até mim. Não pude dizer que o amava. Não pude apertá-lo bem forte em meus braços. Dei um beijo em sua testa e o levaram. Fiquei confusa e não conseguia entender mais nada. Tudo estava em câmera lenta e eu queria o meu filho comigo. 

Muitas são as estórias sobre o momento de uma cesariana. Esta é a minha experiência. Hoje, 17 de novembro, o Ministério Público realiza em São Paulo uma consulta pública para debater a violência obstétrica, os direitos de assistência à gestação no pré e pós-parto e a humanização do parto. Estarão presentes no evento organizações diversas que lutam pelos direitos da mulher, médicos e mulheres que oferecerão depoimentos singulares sobre a violência obstétrica vivida por elas. O acontecimento começará às 9h30 na rua Riachuelo, 115, Auditório Queiróz Filho. Precisamos discutir profundamente questões referentes a vida de nossas mulheres e sobre a necessidade de humanização do parto. Além, é claro, da necessidade de disseminarmos informações verdadeiras sobre o parto normal. Hoje, caminhamos na contramão mundial  e temos números recordes de partos realizados através de cesarianas.



Mulheres, amem-se mais! Homens: amem estas mulheres do jeito que elas merecem!

quinta-feira, 13 de novembro de 2014





Os livros e as crianças




Ele ficou na ponta dos pés. Equilibrou-se com fé. Queria alcançar seu objetivo. Hesitou. Não percebeu que eu observava tudo. Abaixou sua cabeça. Reservou-se em um mundo só seu. Deixei-o livre para fazer a sua escolha. Havia tantos outros bons candidatos, mas ele não se importou. Tinha escolhido assim que entrará no ambiente. Com os olhos fixos em sua meta, esticou-se novamente. A vontade era tanta que ele conseguiu crescer 1 centímetro. Com a ponta dos dedinhos, tocou-o. Os seus olhos doces brilharam. O livro resolveu pular em seu colo. Eles se abraçaram com força. Procurou-me com toda a satisfação de quem havia encontrado o seu mais novo melhor amigo. Percebeu que o menino ao lado mirava o seu preferido com desejo. Envolveu o livro com seus braços e tronco. Afundou-o dentro de si. Devolveu um olhar sinistro ao seu concorrente. Olhar efetivo que fez com que o outro pequenino voltasse a mirar a linda e colorida estante. Sorriu para mim e disse: "Mamãe, podemos levar este?". Caminhamos lado a lado até o leitor de código de barras: eu, ele e o livro. Notei que ele estava ansioso. Quase tropeçou no caminho. Abria e folheava o seu amigo. Cheirava-o e abraçava-o. Fiquei comovida com a verdade daquele encontro. Havíamos chegado no ponto final da jornada. Pedi o livro com carinho. Ele não queria soltá-lo. Temia que esta fosse uma despedida. Confiou o seu tesouro à mim, com dificuldade. Haviam se apegado desde o momento em que se tocaram. Apesar de ser pequenino demais para entender o que o leitor denunciava, contorcia-se todo para saber, em primeira mão, o resultado. Segurou-me com força. "Podemos levar este, por favor? por favorrrrrrrrrrr Porrrrrrrrr favorrrrrrrrrrrr. Só um pouquinho". Ele leu o sorriso que nascia em meus olhos. Abraçou os meus joelhos como se abraçasse o mundo todo. Quase me derrubou. Transformou-se em um canguru, daquele segundo em diante. Saltou bem alto até a fila do caixa. Colocou o livro no balcão e disse com orgulho: " Eu quero este". A menina que nos atendia sorriu para ele. Perguntou se era necessário embrulhar o livro para presente. Respondi prontamente que não. O meu canguru precisava descobrir rapidamente tudo aquilo que o seu novo amigo tinha para lhe contar. Caiu 6 vezes enquanto nos dirigíamos até o carro. Ele não conseguia tirar os olhos do livro. Contou-me sobre todos os desenhos. Falou sobre as árvores e sobre os bichos "bem glandessssssss". Chegamos em casa. Correu para o sofá. Pediu uma leitura naquela hora. Contei a estória para ele onze vezes. Crianças são tão puras que depositam o seu amor através dos olhos. Todas as vezes que abríamos a primeira página, ele me apertava com assombro. Um mundo novo estava diante dele e isto o excitava. Pegou no sono enquanto escutava a estória pela última vez. Adormeceu com tranquilidade. Deitei o seu novo companheiro ao seu lado. Beijei o meu pequenino e apaguei a luz. Antes de me deitar, visitei o seu quarto novamente. Ele sorria enquanto sonhava. Eu sorria com alma de volta. Será que estava dentro da estória? Será que estava esticando o ponto final? 

Queria que todas as crianças do nosso país pudessem ter momentos assim. Infelizmente, segundo estatísticas divulgadas pelo último PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), o Brasil tem um longo caminho a trilhar quando o assunto é leitura. Tendo somado 410 pontos em 2012, teve um decréscimo de 2 pontos em relação a 2009. Mantemo-nos abaixo da média dos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e amargamos o 55° lugar entre os países participantes. Apesar da tristeza latente ao ler estes dados, acredito que estamos despertando. De acordo com um estudo realizado pela Fundação de Pesquisas Econômicas em 2013, que consultou 72% das editoras do país, a venda de livros no Brasil cresceu 4%. Estes números são animadores ao refletimos que a leitura não faz parte de nossa cultura. Além disso, temos que nós lembrar que o valor médio do livro cresceu 1,7%, entre 2012 e 2013, e é um item salgado demais para muitas famílias. Apesar da dificuldade de acesso aos livros por parte dos menos favorecidos economicamente, a biblioteca pública ainda é uma opção. Visitei várias e passei longas e deliciosas horas dentro delas. Nunca pude comprar um livro sequer durante a minha infância. Caminhava sozinha até a biblioteca de minha cidade. Escolhia o meu volume numa grande estante e devolvia-o depois de ter viajado com ele durante uma divertida semana. Ainda visito com os meus filhos a de nossa nova cidade. E chegamos a outra pesquisa interessante. Segundo o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), 98% dos municípios e distritos brasileiros contam com pelo menos 1 biblioteca pública. Através do Projeto Mais Bibliotecas Públicas as portas do conhecimento começam a chegar nos recantos mais distantes. Os esforços são grandes e os resultados são gestados no longo prazo. Porém, a jornada vale a pena. 

Dicas do dia: 

-Doe os seus velhos volumes. Há alguém precisando se encontrar com eles; 
-Visite a biblioteca pública de sua cidade com seus filhos. Eles ficaram encantados.



Fontes:






quarta-feira, 12 de novembro de 2014


Foi dada a largada!



Os projetos nascem dos sonhos e ganham vida através do nosso esforço. Com orgulho, eu apresento à vocês o meu novo filho: Mergulhando na Maternidade. Nasceu hoje, após um longo processo de gestação repleto de suor, lágrimas e muito amor. A minha intenção é levar até vocês informações de qualidade através de uma nova perspectiva. Buscarei depositá-las dentro de suas casas, mostrando como elas podem alterar o seu dia-a-dia. 
Dê-me sua mão?
Gostaria de tê-lo comigo neste nova caminhada!