quarta-feira, 26 de novembro de 2014





A violência e a mulher

1- "O despertador tocou. Ela se levantou, preparou um café bem forte e desceu o morro em silêncio. "A felicidade deve morar atrás destes prédios bem altos onde os homens respeitam as suas mulheres", pensava. Enquanto caminhava até o ponto de ônibus, vestia sua única blusa com mangas longas. Não queria que ninguém comentasse sobre as marcas em seu corpo. Ela jurou para si mesma que encararia tudo aquilo sozinha e que, talvez, tinha até merecido aquela surra. Equilibrou-se para não desabar durante o percurso. Não queria derrubar qualquer lágrima. Não tinha força para as controlar naquele momento".
2- "Ela estava chorando em sua cama. Não conseguia entender aquele pesadelo.  As palavras deferidas a pouco flagelavam a sua alma. Ela o amava. Ela o ama. Jamais o machucaria daquela maneira. Ela apertou os seus joelhos com força. Abraçou a si mesma. Ligou para sua melhor amiga. Recebeu uma frase marcante em troca do desabafo:"Quem nunca teve discussões tolas em seus relacionamentos?". Não conseguia pensar em mais nada. Calou-se. Desligou o telefone sem nem ao menos oferecer uma despedida. Ponderou que, talvez, estivesse exagerando. Afinal, ele jamais havia levantado a mão para ela. Era um homem bom". 
3- "Atrasou-se para a reunião daquele dia. Todos a esperavam em sua sala. Acabará de receber uma ligação importante. Era seu chefe. Ele não economizou palavras duras e sexistas para descrever o quanto estava frustado com aqueles resultados. Disse: "Deveria ter escolhido alguém com culhões para esta função. Fui obrigado a optar por uma mulher fraca. Sabia que iria dar m####. Nem com um amontoado de diplomas uma mulher deixa de ser, simplesmente, uma mulher". Ela ouviu tudo calada. Respirou bem fundo e impediu-se de demonstrar qualquer sentimento. Respondeu, apenas: "OK. Estou atrasada para uma reunião. Conversamos depois sobre os resultados." Levantou-se. Dirigiu-se até seus funcionários e ofereceu o sorriso mais doloroso que já havia experimentado".
Você poderia ser qualquer uma dessas mulheres. 
A sua mulher, mãe ou irmã poderia ter enfrentado qualquer uma destas situações independente de sua raça, cor, religião ou classe social.
Segundo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), 7 em cada 10 mulheres no mundo já foram ou serão violentadas em algum momento da vida. Estes dados são assustadores, mas manifestam uma realidade latente. Ban Ki-moon, secretário geral da ONU, pontua que a violência contra as mulheres é uma das violações de direitos humanos mais presentes no mundo. Banalizamos episódios tristes, como os discorridos acima, assim como suas próprias vitimas. A mulher se vê obrigada a aceitar a violência que é maturada através de gerações. Fruto de uma construção social resultante da desigualdade de forças nas relações de poder entre os gêneros, a violência contra a mulher é um problema mundial. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir da analise de estudos realizados em 35 países, pode-se afirmar que:
- Entre 10% e 52% das mulheres já foram agredidas fisicamente pelo parceiro em algum momento de suas vidas;
- Entre 10% e 30% foi vítima de violência sexual por parte do parceiro íntimo;
- Entre 10% e 27% relataram ter sido abusadas sexualmente, quando crianças ou adultas.
Ontem, dia 25 de novembro, inaugurou-se a campanha mundial pelo fim da violência contra a mulher. Tendo como marco o Dia Internacional de Não Violência Contra as Mulheres, a mobilização contará com 16 dias de ativismo e findará no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. O tema será o foco de  palestras, debates, eventos e encontros no mundo todo. O Brasil adere a mobilização desde de 2003. Confira a agenda nacional divulgada pelo site da campanha brasileira Compromisso e Atitude.
 Desate-se das correntes seculares do preconceito e abrace esta causa.

Fontes: 



2 comentários:

  1. Vanessa, importantíssimo este tema! Se nao leu ainda, sugiro você ler A Mistica Feminjna e SCUM Manifest!

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  2. Ainda não li! Lerei. Obrigada pela indicação.

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