quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Você continua a crescer em mim




Foram tantos pedidos de que se manifestasse em meu ventre. Minhas mãos o buscavam  logo quando eu despertava. Sentava em minha cama e o acariciava. O gesto involuntário de toca-lo era incontrolável. Precisava senti-lo nas filas do supermercado, nos passeios pelas praças da cidade, durante a compra de seu enxoval, enquanto trabalhava. Ansiava por qualquer resposta aos meus cantos, palavras, juras de amor. Conversava com você através de meu pensamento. Dizia-lhe o quanto o amava em voz alta; dividia meus medos e minhas angústias. Um dia você ouviu as minhas suplicas. Depois de um banho demorado em que lhe contei como eu e seu pai havíamos nos conhecido, você se mexeu. Senti algo entre uma especie de cocegas estranha e uma pontada incomoda. Num primeiro momento, ponderei se seria possível senti-lo naquele estágio da gravidez. Enquanto tentava classificar o que havia sentido dentre as muitas manifestações fisiológicas de meu organismo, você voltou a se manifestar. Estremeci. Minhas pernas ficaram bambas e eu tentei encher os meus pulmões. Era você. E, os movimentos se tornaram constantes a partir  daquela primeira resposta sua. Descobri, através da leitura de uma infinidade de livros sobre gestação que passavam a me acompanhar durante as minhas noites insones, que seu sistema nervoso inaugurava o seu funcionamento neste segundo trimestre. Seus pés e mãos dançariam em mim com um vigor cada vez intenso. Você possuía reflexos a luz, aos sons. Todos os seus órgãos principais funcionavam plenamente, com exceção aos pulmões que continuavam seu amadurecimento normal. Foi neste momento da gravidez que pudemos escolher o seu nome. Quando entramos na sala de ultrassom nos demos as mãos. Havíamos pesquisado muitos nomes e seus significados. Você era tão especial, tão amado. Sentíamos a necessidade de escolher um nome a altura de todos os sentimentos que você inaugurava em nossas vidas. Chegamos àquele momento com dois nomes prontos para serem pronunciados logo após a revelação de seu sexo. O meu coração estava acelerado. Estávamos nervosos. Foram minutos de angustia. O aparelho de ultrassom deslizava em minha barriga e o médico não manifestava qualquer reação. Disse que estava fisiologicamente bem. Ficamos felizes. Era maravilhoso saber que estava se desenvolvendo. Porém, enlaçávamos nossas mãos com força na ansiedade latente de  nomear os nossos suspiros. É UM MENINO BEM GRANDE E SAUDÁVEL!  Ainda dentro daquela sala escura, pronunciamos seu nome pela primeira vez: "Nós te amamos, Lucas"! Enquanto o médico finalizava o seu laudo, olhei para o seu pai. Ele tinha lágrimas nos olhos e um lindo sorriso nos lábios. Nossa união de amor havia tomado forma, estava saudável e era você: nosso Lucas.  Não havia mais dores, vômitos ou falta de apetite. Havia o Lucas e todo o amor que ele despertava em nós.

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